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“A constância do amor e a transitoriedade da chama se interligam comocorpo e poesia — ou mente e coração, se preferir —, fundindo-se em coisa única. Nesses poemas, de uma forma ou outra, o amor está sempre presente, ora impulsionado pelo rio de paixão, ora profundo nas teias da reflexão.

(...) Uma surpresa maravilhosa descobrir a poeta Bruna nestes

Versos de amor e despedida.”

JIRO TAKAHASHI

Editor

"Que seja eterno enquanto dure", sintetizou o poeta Vinicius de Moraes, em seu Soneto de Fidelidade, sobre a efemeridade do amor. A escritora Bruna Ramos da Fonte, estreia na poesia contestando o colega carioca. "Versos de amor e despedida" é uma ode aos amores perpétuos.

"Na constante permanência do tempo/no alto do sagrado altar de minh'alma/guardo presentes amores passados/ que o meu coração jamais saberia/­sequer poderia­/um dia deixar de amar", Bruna escreve em "Versos", texto que inaugura a obra e cujo excerto serve de fio condutor a todos os 15 poemas do livro, ilustrado pela artista visual capixaba Leila Kelly Gualandi.

Não que fosse necessário, dada a clareza dos versos, mas Bruna quis explicar, nas "Palavras da Autora" que fecham o volume, suas intenções ao escrever o livro. "Marca o fim dessa minha jornada em busca de compreender a relação entre o amor e a despedida", relata, antes de concluir: "Relacionamentos amorosos terminam, mas (...) o amor ­ quando realmente existiu ­ não acaba jamais".

É no poema sugestivamente intitulado "Cicatrizes" que a autora finca com maior empenho as raízes de sua tese sobre a perenidade dos relacionamentos. Amores, caso sejam dignos desta definição semântica, moldam a existência dos amantes, ainda que eles decidam se separar. "E assim sem motivos para ficar/nos despedimos um do outro/assombrados pelos fantasmas/de tudo aquilo que poderia ter sido/mas não tivemos coragem de ser." E dá-lhe cicatrizes.

 

Há razões, claro, para tanta saudade. Amor, aprende-se ao correr das páginas, constrói-se com intimidade ­ e a inquietude e a dor impõem-se à sua falta. A maior parte da poesia de Bruna fala de diálogo entre almas. "Fantasias" destoa ao pôr dois corpos, sedentos, para conversar: "Hoje eu vou pular carnaval/entre quatro paredes/janelas e portas fechadas/esperando o seu bloco passar".

 

O tom biográfico permeia o livro do primeiro ao último verso, o que lhe aumenta a autenticidade. "É impossível não sentir o impacto das tensões que se instauram e vão se articulando ao longo de suas páginas", aponta, no prefácio, Jiro Takahashi ­ sim, ele mesmo, o lendário editor da icônica Coleção Vagalume, cujos títulos despertaram na então adolescente Bruna a paixão pela literatura. "Alimentaram o meu sonho de ser a escritora que me tornei", ela conta.

Evaldo Novelini para o jornal O Diário de Grande ABC

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Autoria Bruna Ramos da Fonte

Editora Patuá

Publicação Dezembro de 2021

Prefácio Jiro Takahashi

Apresentações Leila Kelly Gualandi e Killy Freitas

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